she would be like this. Maybe she was...


quinta-feira, 8 de maio de 2008

Deixo que seja nos meus olhos abertos









Hannes Caspar

Leave, Glen Hansard
"Deixo o céu azular, como água

batida a assentar. Deixo que seja

nos meus olhos abertos. Pararam

pela primeira vez na vida e não sei

o que fazer com eles. Não quero que

sejam o espelho de ninguém, das

coisas mortas que precisam de ser

vividas, das paisagens e das casas,

das noites inteiras no meio de uma

floresta ou de uma cidade, sem uma

única luz, um único latido. Olhos

parados com memória de ver.

Olhos abertos no ponto onde

pararam. No teu rosto. Onde ficam,

sem se mexer. São teus. Usa os meus

olhos como quiseres. Passou a

minha cegueira e nem sequer

consigo chorar, como merecia o meu

amor. Já oiço a tarde, o Verão, as

pequenas flores das calçadas a crescer.

Há um buraco no meu peito, por

onde o mundo volta e vai enchendo

o teu lugar.

Mas ainda tenho os olhos parados onde

o meu coração adormeceu, onde o meu

coração sossegou, no rosto onde morreu

tudo o que lhe andava a dar vida

e a matar."

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